Minha família

outubro 23, 2012

O jogo das sete pedras: uma visão antropológica de uma brincadeira de rua, em um bairro popular

outubro 4, 2012

No primeiro semestre de 2012, realizamos uma pesquisa de campo no bairro Macaúbas, na Rua Antero de Brito, em Salvador, com crianças de 06 a 12 ano de idade. Essa pesquisa se refere à ampliação dos nossos conhecimentos como futuras pedagogas em relação ao contexto sócio-histórico vivido por crianças de comunidades populares. Nosso primeiro passo foi escolher qual seria a comunidade observada, já que o professor Álamo Pimentel da disciplina Antropologia da Educação nos orientou a fazer a pesquisa em apenas um local, para que apresentássemos um melhor desenvolvimento na pesquisa e para que trabalhássemos em grupo, a fim de que todas nós tivéssemos o mesmo objeto de pesquisa. A escolha do bairro se deu a partir de uma reunião que tivemos após nossas aulas na FACED-UFBA (Faculdade de Educação), nesta conversa veio à sugestão muito entusiasmada de uma das integrantes do grupo, Janeide nos relatou que na sua rua, as crianças brincam quase todos os dias no período da tarde, ficamos impressionadas que nos dias de hoje, vivendo em uma capital com tanta violência, essas crianças se sintam tão protegidas ou até mesmo tão acostumadas com a realidade em que vivem, podendo assim sair para a rua e interagir umas com as outras. Logo depois, perguntamos a nossa colega Janeide qual era a brincadeira que as crianças mais gostavam, ela nos respondeu que brincam muito do jogo das sete pedras, que algumas de nós nem conhecia, ela nos contou que brincava muito desta brincadeira na sua infância e que era sua brincadeira preferida porque é bem divertida. Ficamos entusiasmadas, pois, hoje com tanto avanço tecnológico e brinquedos eletrônicos, com tudo isso no bairro de Macaúbas as crianças ainda brincam na rua de diversas brincadeiras.

Macaúbas é um bairro antigo, onde localizava-se a rodoviária, por este motivo existem várias opções de transportes para diversas localidades da cidade. Neste bairro, também existiam muitas hortas e para manutenção dessas existiam fontes naturais, pois, naquela época não existia água encanada. Hoje em dia, não existem mais aquelas hortas, porque foram aterradas e substituídas por construções como casas, oficinas, escolas, bares, padarias e etc. E assim foi substituída a atividade agrícola por outras atividades comerciais, ocorrendo assim uma transformação social e econômica. No passado as ruas eram de barro e as casas eram feitas de adubo um tipo de tijolo que não é levado ao forno, ainda existem muitos moradores antigos que contam histórias sobre o local e que até hoje residem em Macaúbas. Ainda hoje esse bairro é muito familiar porque o prazer de residir neste bairro foi passado de geração a geração. O índice de violência neste local comparando aos demais é bem menor, por causa de uma empresa de segurança localizada na Rua Antero de Brito onde fizemos nossa pesquisa de campo e que é a rua principal, esta empresa oferece vários serviços como curso de formação de seguranças, curso de iniciação ao tiro, vendas e manutenção de armas e acessórios em geral. Por conta desta empresa, a rua é bastante frequentada por policiais militares, civis, rodoviários e federais, isto torna essa área um local mais protegido e provoca a diminuição do tráfico de drogas e a propagação da violência. As crianças tem um bom relacionamento entre si e com todos, já que nasceram neste local e não existe entre elas nenhum tipo de discriminação de gênero, raça ou econômica. Mesmo Salvador sendo uma capital violenta as crianças deste bairro não ficam trancadas em suas casas, elas brincam na rua tranquilamente até á noite.

No dia 16 de junho, sábado, realizamos nossa pesquisa de campo propriamente dita. Fomos até o bairro de Macaúbas, na Rua Antero de Brito onde observamos a brincadeira. Foi um dia de sol e as crianças estavam na rua, tinha muitos bares abertos e pessoas conversando, realmente estava um clima de final de semana. Antes de começar a mediadora do grupo, Janeide nos contou como se joga o jogo das sete pedras que é basicamente assim: 1º passo divide-se os jogadores em dois grupos; 2º passo delimita se o espaço; 3º passo coloca-se as sete pedras empilhadas no centro da área; 4º passo os jogadores devem ficar posicionados nas extremidades da área tentando acertar as sete pedras com a bola; 5º passo o grupo que acertar as pedras deve empilhar novamente; 6º passo a equipe adversária deve balear os componentes com a bola eliminando-os e impedindo-os de empilharem as pedras novamente. O objetivo do jogo é conseguir ganhar pontos empilhando novamente as sete pedras .

 

Janeide, Juliana e Marise

Sexa

outubro 4, 2012

Sexa

Luís Fernando Veríssimo

– Pai… – Hmmm? – Como é o feminino de sexo? – O quê? – O feminino de sexo. – Não tem. – Sexo não tem feminino? – Não. – Só tem sexo masculino? – É. Quer dizer, não. Existem dois sexos. Masculino e feminino. – E como é o feminino de sexo? – Não tem feminino. Sexo é sempre masculino. – Mas tu mesmo disse que tem sexo masculino e feminino. – O sexo pode ser masculino ou feminino. A palavra “sexo” é masculina. O sexo masculino, o sexo feminino. – Não devia ser “a sexa”? – Não. – Por que não? – Porque não! Desculpe. Porque não. “Sexo” é sempre masculino. – O sexo da mulher é masculino? – É. Não! O sexo da mulher é feminino. – E como é o feminino? – Sexo mesmo. Igual ao do homem. – O sexo da mulher é igual ao do homem? – É. Quer dizer… Olha aqui. Tem o sexo masculino e o sexo feminino, certo? – Certo. – São duas coisas diferentes. – Então como é o feminino de sexo? – É igual ao masculino. – Mas não são diferentes? – Não. Ou, são! Mas a palavra é a mesma. Muda o sexo, mas não muda a palavra. – Mas então não muda o sexo. É sempre masculino. – A palavra é masculina. – Não. “A palavra” é feminino. Se fosse masculina seria “O pal…” – Chega! Vai brincar, vai. O garoto sai e a mãe entra. O pai comenta: – Temos que ficar de olho nesse guri… – Por quê? – Ele só pensa em gramática.

 

A afetividade e sua influência na aprendizagem da criança

maio 9, 2012

 

O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual da criança, pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento, além de determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará. Na teoria de Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. O afeto inclui sentimentos, interesses , desejos, tendências, valores e emoções em geral. Piaget aponta que há aspectos do afeto que se desenvolve.
São várias as dimensões, que o afeto apresenta, incluindo os sentimentos subjetivos (amor, raiva, depressão) e aspectos expressivos (sorrisos, gritos, lágrimas). Na sua visão, o afeto se desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou inteligência. E é responsável pela ativação da atividade intelectual.
Analisando os vários livros de Piaget percebe-se que este descreveu cuidadosamente o desenvolvimento afetivo e cognitivo do nascimento até a vida adulta, centrando-se na infância. Com suas capacidades afetivas e cognitivas expandidas através da contínua construção, as crianças tornam-se capazes de investir afeto e ter sentimentos validados nelas mesmas.Neste aspecto, a auto-estima mantém uma estreita relação com a motivação ou interesse da criança.

Afetividade

                        A afetividade na Educação Infantil

Na teoria de Jean Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerando como tendo dois componentes: o cognitivo e o afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral.

La Taille & Vygotsky (apud La Taille et al., 1992), explicam que o pensamento tem sua origem na esfera da motivação, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses, impulsos, afeto e emoção. Nesta esfera estaria a razão última do pensamento e, assim, uma compreensão completa do pensamento humano só é possível quando se compreende sua base afetivo-evolitiva.

No âmbito da educação infantil, a inter-relação da professora com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante, dá-se o tempo todo, na sala, no pátio ou nos passeios, e é em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com os objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente.
Essa inter-relação é o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento, neste caso, o educador serve de continente para a criança. Poderíamos dizer, portanto, que o continente é o espaço onde podemos depositar nossas pequenas construções e onde elas tomam um sentido, um peso e um respeito, enfim, onde elas são acolhidas e valorizadas, tal qual um útero acolhe um embrião.

A escola, por ser o primeiro agente socializador fora do círculo familiar da criança, torna-se a base da aprendizagem se oferecer todas as condições necessárias para que ela se sinta segura e protegida. Portanto, não nos restam dúvidas de que se torna imprescindível a presença de um educador que tenha consciência de sua importância não apenas como um mero reprodutor da realidade vigente, mas sim como um agente transformador, com uma visão sócio-crítica da realidade.

A criança ao entrar na escola pela primeira vez, precisa ser muito bem recebida, porque nessa ocasião dá-se um rompimento de sua vida familiar para iniciar-se uma nova experiência, e esta deverá ser agradável, para que haja um reforço da situação.

O profissional da educação procura alternativas e se depara inúmeras vezes com a dificuldade que tem em enfrentar os desafios do aluno, com as suas próprias deficiências e, sobretudo, em se ver fazendo parte neste processo, que é antes de tudo uma troca, possibilita uma busca de transformações para o processo de ensino diário. Somente quando o professor vir que não vê é que algo novo poderá surgir. O afeto do professor, a sua sensibilidade e a maneira de se comunicar vão influenciar o modo de agir dos alunos. Se o professor se expressa de forma agradável ou de forma dura, criará mais motivação no aluno do que um ambiente neutro. Contudo, tal expressão deve ser moderada; nem amigável demais, nem exageradamente dura. O afeto refere-se a atitudes e sentimentos expressados ou presentes no ambiente.

Sua maneira de ser, atuar e falar é muito significativa. O professor pode ser frio, distante, desinteressado ou pode ser alegre, amável e se interessar pessoal e individualmente pelos alunos. Também a sala pode ser fria, sem nenhuma decoração, ou pode ter avisos, quadros, plantas, animais e trabalhos artísticos. Isto vai afetar os sentimentos e atitudes dos alunos.

Um ambiente frio e triste não produz motivação para aprender. A sala deve ter cores e decorações para criar um ambiente de aceitação.
Por “tom afetivo” não devemos entender que o educador deva se comportar como um aluno, ou que não exija respeito. Ele pode ser muito amável e até amigável, sem se pôr a brincar com eles.

Quando a criança nota que a professora gosta dela, e que a professora apresenta certas qualidades como paciência, dedicação, vontade de ajudar e atitude democrática, a aprendizagem torna-se mais facilitada; ao perceber os gostos da criança, o professor deve aproveitar ao máximo suas aptidões e estimulá-la para o ensino.

Ao contrário, o autoritarismo, inimizade e desinteresse podem levar o aluno a perder a motivação e o interesse por aprender, já que estes sentimentos são conseqüentes da antipatia por parte dos alunos, que por fim associarão o professor à disciplina, e reagirão negativamente a ambos.

A todo o momento, a escola recebe crianças com auto estima baixa, tristeza, dificuldades em aprender ou em se entrosar com os coleginhas e as rotulamos de complicadas, sem limites ou sem educação e não nos colocamos diante delas a seu favor, não compactuamos e nem nos aliamos a elas, não as tocamos e muito menos conseguimos entender o verdadeiro motivo que as deixou assim.

autor: Montserrat MONTES DE OCA CARIONI

 

ABC

maio 4, 2012

ABC, Luís Fernando Veríssimo

Quando a gente aprende a ler, as letras, nos livros, são grandes. Nas cartilhas – pelo menos nas cartilhas do meu tempo – as letras eram enormes. Lá estava o A, como uma grande tenda. O B, com seu grande busto e sua barriga ainda maior. O C, sempre pronto a morder a letra seguinte com a sua grande boca. O D, com seu ar próspero de grão-senhor. Etc. Até o Z, que sempre me
parecia estar olhando para trás. Talvez porque não se convencesse que era a última letra do alfabeto e quisesse certificar-se de que atrás não vinha mais nenhuma.As letras eram grandes, claro, para que decorássemos a sua forma. Mas não precisavam ser tão grandes. Que eu me lembre, minha visão na época era perfeita. Nunca mais foi tão boa. E no entanto os livros infantis eram impressos com letras graúdas e entrelinhas generosas. E as palavras eram curtas. Para não cansar a vista.

À medida que a gente ia crescendo, as letras iam diminuindo. E as palavras, aumentando. Quando não se tem mais uma visão de criança é que se começa, por exemplo, a ler jornal, com seus tipos miúdos e linhas apertadas que requerem uma visão de criança. Na época em que começamos a prestar atenção em coisas como notas de pé de página, bulas de remédio e
subcláusulas de contrato, já não temos mais metade da visão perfeita que tínhamos na infância, e esbanjávamos nas bolas da Lulu e no corre-corre do Faísca.

Chegamos à idade de ler grossos volumes em corpo 6 quando só temos olhos para as letras gigantescas, coloridas e cercadas de muito branco, dos livros infantis. Quanto mais cansada a vista, mais exigem dela. Alguns recorrem à lente de aumento para seccionar as grandes palavras em manejáveis monossílabos infantis. E para restituir às letras a sua individualidade
soberana, como tinham na infância.

O E, que sempre parecia querer distância das outras. O R! Todas as letras tinham pé, mas o R era o único que chutava. O V, que aparecia em várias formas: refletido na água (o X), de muletas (o M), com o irmão siamês(o W). O Q, que era um O com a língua de fora.

De tanto ler palavras, nunca mais reparamos nas letras. E de tanto ler frases, nunca mais notamos as palavras, com todo o seu mistério. Por exemplo: pode haver palavra mais estranha do que “esdrúxulo”? É uma palavra, sei lá. Esdrúxula. Ainda bem que nunca aparecia nas leituras da infância, senão teria nos desanimado. Eu me recusaria a aprender uma língua, se soubesse que ela continha a palavra “esdrúxulo”. Teria fechado a cartilha e ido jogar bola, para sempre. As cartilhas, com sua alegre simplicidade, serviam para dissimular os terrores que a língua nos reservava. Como “esdrúxulo”. Para não falar em “autóctone”. Ou, meu Deus, em “seborréia’!

Na verdade, acho que as crianças deviam aprender a ler nos livros do Hegel e em longos tratados de metafísica. Só elas têm a visão adequada à densidade do texto, o gosto pela abstração e tempo disponível para lidar com o infinito. E na velhice, com a sabedoria acumulada numa vida de leituras, com as letras ficando progressivamente maiores à medida que nossos olhos se cansavam, estaríamos então prontos para enfrentar o conceito básico de que vovô vê a
uva, e viva o vovô.

Vovô vê a uva! Toda a nossa inquietação, nossa perplexidade e nossa busca terminariam na resolução deste enigma primordial. Vovô. A uva. Eva. A visão. Nosso último livro seria a cartilha. E a nossa última aventura intelectual, a contemplação enternecida da letra A. Ah, o A, com suas grandes pernas abertas.

Pedagogia da Autonomia – Paulo Freire

maio 4, 2012

FERRAMENTAS

maio 4, 2012

VALORIZAR QUALIDADES
“Contam que na carpintaria houve uma estranha assembléia.
Foi reunião de ferramentas para acertar suas diferenças.
Um martelo exerceu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que
renunciar. A causa?
Fazia demasiado barulho; e além do mais, passava todo o tempo golpeando. O martelo
aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele
dava muitas voltas para conseguir algo.
Diante do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez, pediu a expulsão da lixa.
Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.
A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro que sempre media os outros
segundo a sua medida, como se fora o único perfeito.
Nesse momento entrou o carpinteiro juntou material e iniciou seu trabalho. Utilizou o
martelo, a lixa, o metro e o parafuso.
Finalmente, a rústica madeira se converteu num fino móvel.
Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia reativou a discussão.
Foi então que o serrote tomou a palavra e disse:
Senhores ficou demonstrado que tem os defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas
qualidades, com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos,
e concentremos-nos em nossos pontos fortes.
A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era
especial para limar e afinar asperezas, e o metro era preciso e exato.
Sentiram-se então como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade.
Sentiram alegria pela oportunidade de trabalharem juntos.
Ocorre o mesmo com os seres humanos. Basta observar e comprovar. Quando uma
pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e negativa; ao contrário,
quando se busca com sinceridade os pontos fortes dos outros, florescem as melhores
conquistas humanas.
É fácil encontrar qualidades … Isto é para sábios !!!!


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